Texto: Vanessa Darj
Fotos: Larissa Morena e Yuri Mesquita
Uma alimentação saudável é fundamental para a qualidade de vida e o pleno desenvolvimento dos indivíduos. No Ceará, mais de 130 mil famílias em situação de vulnerabilidade recebem diariamente refeições balanceadas por meio das quentinhas do Programa Ceará Sem Fome, que já ultrapassou a marca de 50 milhões de refeições distribuídas desde setembro de 2023.
Mais do que saciar a fome, cada refeição leva sabor, nutrientes e alimentos frescos, muitos deles produzidos pela agricultura familiar cearense. São ingredientes cultivados com dedicação, que fortalecem a economia do campo e chegam à mesa de quem mais precisa.
A nutricionista do programa, Isadora Bezerra, explica que a elaboração do cardápio é feita de forma coletiva e criteriosa. “O cardápio das cozinhas é discutido e analisado no GT Alimento Seguro, que reúne profissionais de secretarias, órgãos e conselhos. Discutimos o que é viável e sempre buscamos priorizar alimentos de qualidade, respeitando também as diferenças regionais”, afirma. Ela destaca ainda a flexibilidade da proposta: “É um cardápio padronizado, mas que pode se adaptar à cultura alimentar de cada região e à produção local. Onde se produz mais macaxeira, por exemplo, ela ganha espaço no prato; em outras regiões, podemos variar temperos ou proteínas, sempre respeitando os hábitos da comunidade”.
Entre os alimentos mais adquiridos da agricultura familiar pelas Unidades Gerenciadoras estão cheiro-verde, abóbora, batata-doce, feijão de corda e frango em cortes — produtos tradicionais e muito presentes na mesa dos cearenses.
Para quem recebe a quentinha, o impacto é imediato. Elizabete Paiva, catadora em Groaíras, conta: “Tem uns quatro meses que eu recebo a quentinha. Gosto muito, é muito gostosa a comida. Termino meu trabalho de catadora às 11 horas, passo em casa, pego minha sacolinha e vou buscar a quentinha. Chego, tomo um banho, almoço e depois descanso um pouco. Isso é um presente”.
No bairro São João do Tauape, em Fortaleza, Francisco Valtério também reforça a importância do programa: “Esse alimento veio em boa hora e é muito gostoso. Economizou até dentro de casa, porque aí sobra pra gente comprar uma fruta a mais. É uma ajuda muito grande”.
A primeira-dama do Estado e presidente do Comitê do Ceará Sem Fome, Lia de Freitas, reforça o compromisso com a qualidade. “Todas as nossas unidades gerenciadoras têm um compromisso com o mais necessitado. É o melhor arroz, o melhor feijão, a carne de maior qualidade, os legumes mais frescos e as hortaliças mais bonitas da nossa agricultura familiar que precisam estar na mesa de quem mais precisa”.
Para fortalecer essa rede, o Governo do Ceará sancionou uma lei que garante que pelo menos 30% dos alimentos comprados pelo programa sejam provenientes da agricultura familiar. Essa medida fomenta a economia do campo, gera renda para agricultores e agricultoras e garante comida saudável e de origem conhecida para milhares de famílias.
Recentemente, o Ceará Sem Fome promoveu um encontro na Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) com Unidades Gerenciadoras e cooperativas da agricultura familiar. Na ocasião, foram discutidas melhorias no sistema de compras unificadas, estímulo a novos negócios e orientações sobre os cardápios das cozinhas — fortalecendo ainda mais o elo entre quem produz e quem recebe a refeição.