Por Euziane Bastos/Ascom Ceará Sem Fome
Fotos: Larissa Morena
No município de Groaíras, a 255 km de Fortaleza, uma ação adotada pelas cozinhas Ceará Sem Fome chama a atenção pelo pioneirismo na rede: duas vezes por semana, os isopores utilizados nas quentinhas distribuídas são coletados pelos profissionais da Associação de Catadores de Groaíras (Acarg). Os resíduos são, respectivamente, prensados e agrupados em fardos, que são vendidos para a construção civil.
Groaíras conta com 5 cozinhas Ceará Sem Fome; e cada uma delas produz, diariamente, 100 marmitas. Todas incentivam os beneficiários a retornar o isopor limpo após o consumo, o que facilita o trabalho dos catadores.
Elisabete Paiva, além de catadora, é beneficiária das quentinhas e conta que trabalha na Acarg há 2 anos. “Nossa rotina é essa de todo dia tem a rota. A gente chega às 7 horas e trabalha das 7 às 11 horas”, descreve. A partir das 11 horas, ela se desloca para buscar a sua marmita e a de seu marido na cozinha Ceará Sem Fome dos Catadores, que fica no centro da cidade.
O seu Aristóteles Silva tem uma rotina parecida. Presidente da Acarg, ele foi um dos fundadores da organização; e também é beneficiário das marmitas do Programa Ceará Sem Fome. “Os catadores foram beneficiados com uma cozinha solidária (…) e foi um grande ganho para a gente, para a população. Está com uns quatro meses que eu recebo a quentinha e gosto muito, muito gostosa a comida”, conta.
Para além do ganho financeiro que é assegurado pela venda dos fardos de isopor, seu Aristóteles destaca o ganho ambiental que a reciclagem dos resíduos traz. “Se toda população tivesse consciência e nos ajudasse a separar o seu orgânico do reciclável, ficava muito melhor. A gente ganharia muito mais. A nossa cidade já é linda, né? Mas ela ficaria ainda mais linda se todos colaborassem com o crescimento do meio ambiente”, argumenta o catador.
Sociedade unida
Um outro órgão que abraçou a causa da reciclagem no município foi a Federação das Associações de Groaíras (Feagro). O seu presidente, Rivas Yamaghami, é entusiasta do Programa Ceará Sem Fome e presta apoio de perto à Associação de Catadores.
Rivas também esteve presente na última roda de conversa com as lideranças das cozinhas Ceará Sem Fome do lote 33* que ocorreu em Sobral, no último dia 12 de agosto. Na ocasião, ele divulgou o trabalho que vem sendo feito pelos catadores de sua cidade natal. “Observando alguns trabalhos que eram feitos (pelos catadores), a gente sugeriu para que fosse feito o recolhimento do material das cozinhas para que pudesse ter uma utilidade”, relata Yamaghami, ressaltando que o propósito é que a iniciativa sirva de exemplo para todo o Ceará.
Uma outra entidade que tomou a causa para si foi a Unidade Gerenciadora (UG) das cozinhas do lote 33, Sociedade de Apoio à Família Sobralense (Safs). O voluntário Evalddo Lima afirma que a UG acompanha de perto a logística do recolhimento dos isopores e que pretende incentivar as demais cozinhas do lote a adotar a mesma prática. “Vale ressaltar também a importância, não apenas do prato de comida, mas da questão ambiental e da questão profissionalizante”, diz.
*Ao todo, o lote 33 tem 32 cozinhas distribuídas entre os municípios de Sobral, Groaíras e Forquilha.
Ceará Sem Fome
O Ceará Sem Fome é um programa permanente de combate à fome no estado que atua em três frentes emergenciais: cartão de R$ 300, que atende cerca de 50 mil famílias; as mais de 1.300 cozinhas comunitárias, que distribuem mais de 130 mil refeições diárias; e as campanhas, que já arrecadaram mais de 400 toneladas de alimentos em grandes eventos. Além disso, o programa atua no eixo “+Qualificação e Renda” para oferecer oportunidades de emprego formal ou autonomia financeira por meio do empreendedorismo aos beneficiários.
